quinta-feira, 13 de junho de 2013

"Hanói", de Adriana Lisboa

Hanói (Alfaguara) é um romance sobre deslocamentos, sobre detalhes que mudam um destino, e sobre a transitoriedade da vida. É também uma história contemporânea sobre o encontro de culturas distintas e miscigenação.


De origem vietnamita, Alex nunca esteve em Hanói. David é brasileiro, filho de mãe mexicana e de pai brasileiro. Alex é uma garota que vem de uma linhagem de mulheres vietnamitas que se envolveram com americanos; primeiro na Guerra do Vietnã, agora em Chicago, onde tanto ela quanto David tentam sobreviver, contornando as adversidades. São filhos de imigrantes, vivendo numa mescla de hábitos e culturas, num mosaico de identidades que tantas vezes perpassa o mundo contemporâneo. Alex é mãe solteira, e procura conciliar os estudos ao trabalho no mercado asiático. David está na casa dos 30 anos, é apaixonado por jazz, toca trompete e teria o futuro à sua frente, se não fosse por uma notícia inesperada: foi diagnosticado com uma doença terminal.

Ao entrelaçar essas vidas tão díspares, Adriana Lisboa cria uma história de amor e determinação, mas também de aceitação e renúncia, em que as escolhas de uma pessoa podem mudar o destino dos que estão ao seu redor.

Lançamento 
13 de junho, quinta-feira, às 19h 
Livraria da Travessa – Leblon 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Da informática à literatura

Ela trabalha com os números, mas escolheu as letras – mais precisamente a literatura – como segundo ofício e grande paixão. Assim Ana Cristina Melo define sua relação com a escrita, carreira na qual decidiu investir depois de ganhar, com seus contos, três prêmios literários em 2005. Desde então, dedica-se à literatura infantil e juvenil – publicou cinco livros, entre eles Caixa de Desejos, De volta à Caixa de Desejos e Amizade desenhada. Nesta entrevista Ana Cristina conta como mergulhou na literatura, fala sobre motivações e influências e adianta seus próximos projetos – os livros O Clube da Troca, parte de um projeto da Fundação Dorina Nowill, e o juvenil A turma do CP500, romance que mescla informática e ficção.


Você é tecnóloga em processamento de dados, especialista em análise de sistemas. Como a literatura encontrou espaço entre tantos números?
Tinha nove anos quando me apaixonei pelos livros, através dos textos nos livros didáticos. Passei a ler compulsivamente. Essa paixão foi tão forte que logo transbordou para o desejo de escrever. Lembro que, ainda menina, com um dicionário a tiracolo, criei muitas poesias. Sem saber, começava a aprender o ofício da escrita. No Ensino Médio, precisando escolher uma profissão, acabei cedendo a outro interesse. Ali começou minha carreira na Informática. Contudo, quando publiquei meu primeiro livro técnico, em 2002, me peguei flertando novamente com a Literatura. Quando decidi que iria resgatar o sonho de ser escritora, logo entendi como seria a convivência da Literatura com a Informática: bastava ocupar todo meu tempo livre com minha nova profissão. Gosto muito da imagem da areia que preenche os espaços de um copo que está cheio de pedras. A Literatura é a areia da minha vida.

Quando decidiu começar a escrever e qual é a sua maior motivação como escritora?
A vontade de escrever me acompanha desde menina, mas só em 2005 entendi o quanto era forte esse desejo. Eu tinha acabado de voltar de licença maternidade e estava vivendo um momento de grande plenitude. Ao retornar ao trabalho, percebi o quanto minha relação com a Informática estava sem cor. Para buscar caminhos, voltei a ler compulsivamente e vi transbordar novamente o desejo de escrever. Comecei a produzir contos e enviá-los para concursos literários. Ao ser premiada três vezes no primeiro ano, vi que estava no caminho certo. Estudei muito durante os últimos anos, para recuperar o tempo perdido, sempre buscando melhorar minha escrita. Sinto-me uma adolescente quando escrevo, cheia de vida e sonhos para o futuro. Minha maior motivação como escritora? Contar uma boa história e despertar em meus leitores a mesma paixão e satisfação que sinto quanto tenho um livro nas mãos.

Que autores inspiram a sua literatura?
Há muitos autores que são grande inspiração, pelo que provocam em mim e pelo texto especial que conseguiram alcançar em seus livros. Minha autora nacional preferida é, sem dúvida, Lygia Bojunga. Mas também sou fã de carteirinha de Monteiro Lobato, Pedro Bandeira, Machado de Assis, Clarice Lispector, Fernando Sabino e Vinícius de Moraes. E não posso deixar de citar três autoras que me fazem sentir orgulho da literatura nacional contemporânea, pela voz incomparável e pela precisão em seus textos: Livia Garcia-Roza, Lúcia Bettencourt e Stella Maris Rezende. Dos autores estrangeiros, meus preferidos são Gustave Flaubert e Mario Vargas Llosa. Mas também adoro o trabalho de Kafka, Jorge Luis Borges, Ian McEwan, J. M. Coetzee e Marc Levy.

Você tem cinco livros publicados, entre infantis e juvenis. Quais são os desafios de escrever para essa faixa-etária?
Meu maior desafio é conseguir falar de temas difíceis, porém de forma leve e atraente. Cada vez que recebo o relato de pais contando como algum infantil meu virou o "preferido" na contação de histórias da noite, ou leio uma resenha de leitor sobre meus juvenis elogiando o enredo, minhas personagens ou a forma como escrevo, tenho uma descarga de emoção e alegria impossível de medir. Esse retorno é o maior prêmio que um escritor pode alcançar. E minha satisfação é ainda maior quando descubro que minha narrativa alcançou não só as crianças e os jovens, mas também os adultos.

De onde vem a inspiração para as suas histórias?
Eu costumo dizer que sou escritora 24 horas por dia. Por isso, não saio sem meu caderninho. Nele anoto "fagulhas" que depois são passadas a limpo para um caderno de ideias. Tenho centenas anotadas. (Sim, anotadas, pois escrevo à mão. O computador entra num segundo momento). Sei que muitas dessas fagulhas nunca se tornarão nada. Algumas podem virar apenas uma cena em um livro futuro, mas não me preocupo, deixo que fiquem lá, descansando. De tempos em tempos, ao reler esse caderno, acabo riscando uma ou outra ideia que perdeu a empolgação. Outras ficam me cutucando enquanto não as faço tomar vida. Assim nascem meus enredos. Já durante a escrita, a inspiração, em geral, vem naturalmente. Mistura tudo que sou com o que vivi.

Que novos projetos já tem reservados a seus leitores?

Para 2013 estão previstos dois livros. O primeiro é O Clube da Troca, parte de uma coleção publicada pela Fundação Dorina Nowill, com textos impressos com fontes ampliadas e em Braille. O segundo, o juvenil A turma do CP500, mescla informática e ficção e será publicado pela Escrita Fina. Um dos personagens é um microcomputador antigo, que foi todo reformado e recebeu um sistema de inteligência artificial. Cinco amigos descobrem esse computador, chamado Billy, numa casa abandonada, e se envolvem numa investigação que ligará o responsável pelo sumiço do criador de Billy ao hacker que invadiu o colégio deles. Para 2014, há três infantis já previstos para sair também pela Escrita Fina. E, enquanto aguardo os novos filhinhos literários, continuo escrevendo. Além dos infantis e um projeto de adaptação, estou dedicada a um romance jovem adulto para que os leitores do De volta à Caixa de Desejos possam matar as saudades.