Depois de dar voz a um ex-piloto
da Segunda Guerra, em Aves Migratórias (Planetário, 2005), e vida a
um serial killer no Rio de Janeiro do século XIX, em Rio Antigo (Rocco,
2009), o escritor Anatole Jelihovschi publica A gorda (Ímã
Editorial). Neste que é o seu terceiro romance, um homem sozinho e
recém-separado é convidado a passar o réveillon num restaurante comandando por
uma encantadora e enigmática mulher gorda,
que acumula as funções de caixa, garçonete e cozinheira. Sem nada melhor para
fazer – e sem conseguir esquecê-la – ele aceita o convite e se vê enredado em
uma trama onírica protagonizada por ela. Nesta conversa com a Shahid,
Anatole revela de onde veio a inspiração para o romance, fala sobre os desafios
que encontra na hora de escrever e como a literatura entrou em sua vida.
Confira.
De onde veio a ideia para o
romance A gorda?
Essa
ideia surgiu há uns 20 anos. Meu irmão foi a uma comemoração de reveillon (ao
contrário do personagem, ele foi com a família) e contou, no dia seguinte, a
história da Gorda. Ela fazia tudo, era
a dona, servia – sem esquecer o show imperdível que, ao fim da festa, ela fazia
também. Achei aquilo engraçado e guardei. Quinze anos depois – quando morava em
Miguel Pereira (havia me mudado para escrever) e já tinha escrito dois romances
– eu me lembrei do episódio. A princípio seria um conto. Mas mais histórias
começaram a aparecer e A gorda virou
um romance (ou novela).
Antes dele, você
publicou Aves Migratórias e Rio antigo, com
temáticas bem diferentes. Quais os desafios e inspirações na hora de escrever
cada um deles?
O
maior desafio é na hora de começar. As ideias parecem poucas e a impressão é de
que o romance vai desaparecer no meio do caminho. Mas aí novas ideias aparecem
e incorporam o romance – algumas muito boas, que me entusiasmam. Evidentemente
cada romance tem uma história diferente. Esses dois saíram de noites insones,
sonhos misturados a horas de vigília e, de repente, a ideia estava implantada.
Mas o mais importante é a vontade de escrever. Se não as ideias vêm e vão.
Quando e por que começou a
escrever?
Eu
não decidi me tornar escritor, alguma coisa dentro de mim decidiu por mim. O
primeiro romance eu escrevi aos 10 anos de idade. O segundo (maior, mais
elaborado) aos 13. Estava apaixonado pela minha professora de português e dei a
história a ela. Daí em diante foi uma sucessão de romances. Mas o primeiro a
ficar realmente bom foi escrito em 1998, e ainda não foi publicado. Até então
alguma coisa me travava, não sei o quê, algumas partes do romance ficavam boas,
mas o todo não. E, de repente, começou a sair.
E para o futuro, planeja algum
projeto novo?
Na
verdade tenho 11 livros inéditos, para serem publicados. Por enquanto estou
focado nisso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário