Em O incrível geneticista chinês (Ed. Record, 2012), seu oitavo
romance, Angela Dutra de Menezes narra com ironia e bom humor – pela voz do
chinês Zhang – as peripécias de um cientista em suas pesquisas cromossômicas
atrás da cura da obesidade e da chatice. "Não há jeito de sobreviver a
alguma coisa que nos maltrata sem ser pelo viés do humor", diz. Traduzida
para Portugal e Espanha, Angela – que faz do cotidiano matéria-prima para seus
livros – fala nesta entrevista sobre seus personagens, seus incômodos e
inspirações.
Em quem você se inspirou para criar o Dr.
Wang? E sua 'cobaia', o chinês Zhang Cheng?
Em mim mesma, em muitas pessoas à minha
volta. Principalmente naquelas que me incomodam por não terem a menor noção de
limites. A verdade é que, de um jeito ou de outro, todos temos as nossas
chatices. E nenhuma paciência para suportar as alheias. Este livro e sua
personagem principal, o Dr. Wang, nasceram da mesma maneira que os outros sete
livros que já tenho publicados: observando o cotidiano.
O que a motivou a tratar – de forma crítica
e ao mesmo tempo humorada – destas duas questões, a chatice e a obesidade?
Ambas me incomodam muitíssimo, sofro de
ambas. Não há jeito de sobreviver a alguma coisa que nos maltrata sem ser pelo
viés do humor. Se tenho alguma qualidade – acho que tenho e é a única – é o
senso de humor. Aproveito-me dele. Minhas abordagens sempre são pelo lado mais
ridículo. Nem todos entendem, o que posso fazer? Eu sou assim.
Quais foram suas fontes de pesquisa para
sustentar o conhecimento dos seus personagens?
Fontes biológicas, nenhuma. Pesquei,
aleatoriamente, termos na Internet. Para escrever um livro assim, ou conheceria
biologia a fundo, o que não é o caso, ou deixaria claro que nada sei sobre o
assunto. Fiz esta opção. Já não tenho tempo útil para aprender biologia.
O que O incrível geneticista chinês traz de novo em relação aos seus romances
anteriores?
A ambientação e a nacionalidade das
personagens. Não sei por qual motivo, elas nasceram chinesas e emigraram para
Los Angeles, Estados Unidos. Este é o primeiro livro que sai completamente da
minha cultura. Eu mesma achei estranho.
Já está planejando algum novo livro?
Não, estou parada, esperando para ver o que
acontece. Literatura é apaixonante, mas, também, delicada. Agora, quero
observar tudo muito bem. Depois, decidirei o que fazer.
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