quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A Ilha, de Flávio Carneiro


“Confiar em romances é como confiar nas ondas do mar”, sentencia o bibliotecário franciscano que narra Ilha, novo livro de Flávio Carneiro. Em um futuro indeterminado, após uma catástrofe ambiental, todos os continentes são cobertos por água, sobrando apenas uma ilha. A rotina da ilha paradisíaca é afetada pela chegada de mapas dentro de garrafas sugerindo a existência de um continente não muito longe dali. Ao mesmo tempo, locais vão desaparecendo: o cais, o mercado, ruas. Nada é o que parece nesse romance em que as fronteiras entre o real e o imaginário se esvanecem.
Ilha é o terceiro romance da Trilogia do Rio de Janeiro, na qual Flávio Carneiro dialoga com diferentes gêneros literários: depois do passeio pelo policial em O Campeonato e o flerte com o fantástico em A Confissão, chega a vez da ficção científica em Ilha. Leia abaixo entrevista com o autor.


Por que um livro de ficção científica?
Este é o terceiro romance do que chamei de Trilogia do Rio de Janeiro. São romances com histórias independentes mas que têm em comum o Rio como cenário. Busquei, em cada um deles, fazer um diálogo com um gênero popular. O primeiro, O Campeonato, é um policial. O segundo, A Confissão, caminha pelo fantástico. E agora, em Ilha, optei pela ficção científica, ambientando a história num Rio do futuro e homenageando assim não apenas a cidade mas um gênero de que gosto muito.


A história de "A ilha" é mirabolante. De onde surgiu o enredo?
Eu dirigia pela estrada, indo de Teresópolis para o Rio, e quando já estava no Rio e avistei as montanhas, o Pão de Acúcar, pensei: e se um dia quase tudo isso que estou vendo fosse água? Se sobrassem apenas as montanhas, se o resto da cidade fosse parar sob as águas? Foi daí que veio a ideia.


Estão na moda filmes que buscam "quebrar" ou, no mínimo, instigar a nossa lógica - assim como "A ilha": "A origem", "Sem limites". Você assistiu? Gosta desse gênero de filmes? Quais são seus filmes favoritos de ficção científica?
Gosto sim. Sempre busco nos meus romances criar uma lógica particular, interna, que coloque em xeque a ordem que temos como normal. Gosto de alguns filmes de ficção científica, como os que você citou, mas o meu preferido, disparado, é Blade Runner, do Ridley Scott.


Você mora fora do Rio de Janeiro. Em que isso ajuda e/ou atrapalha ser escritor nos dias de hoje?
Não atrapalha porque estou sempre perto do Rio, no caso de precisar dar uma entrevista em rádio e TV ou participar de algum evento literário. E ajuda porque em Teresópolis tenho mais sossego, mais silêncio pra escrever.


Quais são seus próximos planos?
Não sei ainda. O mais provável é que retome o gênero policial.

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