50 anos após ter sua publicação interrompida, a polêmica página literária letras e/& artes ganha uma edição fac-similar comemorativa. Publicada aos domingos no jornal Diário do Paraná entre 1959 e 1961, o suplemento é resgatado em uma edição organizada pelo o cineasta, poeta e escritor Sylvio Black, editor original das 85 edições de letras e/& artes. “Inexplicavelmente, às vezes a logomarca saía com ‘e’, outras, com ‘&’’’, explica Sylvio o motivo da grafia atual do nome do caderno.
Nas páginas do letras e/& artes, compareciam com regularidade Mario de Andrade, Celina Silveira Luz, Roberto Muggiati, Adherbal Fortes de Sá Jr., Walmir Ayala, Jairo Régis, entre vários outros, contribuindo com ensaios, críticas, poemas e ilustrações. Seu conteúdo refletia as discussões em voga na época: cultura popular, existencialismo, marxismo, arte engajada, a relevância da poesia, da literatura, do teatro e do cinema brasileiros. As opiniões dos contribuidores muitas vezes despertava polêmicas da “micro-intelectualidade curitibana”, como define Sylvio, mas os leitores remetiam cartas e telefonemas elogiosos, dando fôlego à publicação.
A nova edição, com tiragem de 500 exemplares, não será comercializada. Terá distribuição nacional para bibliotecas, universidades e academias literárias. A nova letras e/& artes conta com financiamento da Itaipu Binancional, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, através do projeto gráfico e editoração de Rita de Cássia Solieri Brandt e de Adriana Salmazo Zavadniak, e da seção paranaense da Biblioteca Pública do Paraná, onde está arquivada a coleção original do jornal.
Sylvio tinha apenas 22 anos quando iniciou a publicação do suplemento. “Para dar conta dessa inédita empreitada, tínhamos total liberdade de expressão e opinião. Jamais a editoria foi admoestada ou censurada, nem constrangida a publicar texto não solicitado”, afirma.
por Rodrigo Canuto
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